quarta-feira, 31 de março de 2010

“Um sonho possível” – “The blind side”

Um filme é como qualquer situação que acontece na vida, consciente ou inconsciente, de proporções enormes ou gestos simples, dependendo sempre dos olhos que vêem! Assim, um filme, uma imagem, uma situação vai ter tantas interpretações quantas observações, sem que alguma delas esteja totalmente certa ou errada. Isto é ser Humano, com livre arbítrio para sentir, pensar, interpretar e expressar em congruência consigo mesmo.

Impossível assistir a esta produção cinematográfica sem a vontade de partilhar a mensagem que me transmitiu. Surge, então, como primeira prioridade contextualiza-lo com a actualidade. Uma actualidade cada vez mais critica, por um lado, mais exigente, mais apressada, mais materialista, mais ambiciosa, menos humana, menos compreensiva, menos tolerante, menos capaz de interagir socialmente de modo saudável. Por outro lado, ainda em minoria, uma actualidade preocupada em olhar à sua volta, em evitar danos mais irreversíveis quer no ambiente quer no ser humano, com tempo para parar e perguntar ao outro “está tudo bem?”, com paciência para ouvir, com um abraço para reconfortar, com a esperança de que cada um pode marcar a diferença, transformando o que dizem estar mau em algo melhor.

Nestes 129 minutos vemos uma transformação, que facilmente se transporta para a realidade, de um estereótipo de adolescente perdido, sem capacidades intelectuais, sem interacção pessoal, problemático para qualquer escola que não se quer ver numa posição desconfortável aquando do ranking de notas finais. Um adolescente habituado a nada, a ser invisível, a não sorrir, a não se achar capaz, marcado pela vida por onde passou aos trambolhões e que nunca reparou nele. Muitos adolescentes/crianças podem ser vistos nesta personagem, com potencialidades escondidas por meios culturais deficitários, ambientes familiares desestruturados, situações traumáticas que ninguém os ensina a enfrentar, quanto mais ultrapassar.

No meio de um futuro inexistente e um presente sombrio, surge alguém que arranja tempo para parar, olhar, reparar, sentir… Agir! Agir pela diferença, pela compaixão, pela vontade de ouvir e entender um adolescente que já se tinha dado como perdido. Aqui surge uma relação de conquista, como todas as relações devem ser entendidas, com a transferência de um para o outro, como forma de enriquecimento de vida, de pura partilha. Neste desenrolar salienta-se o carinho; a persistência; a preocupação em ouvir o que o adolescente pensa, sente e não o que normalmente queremos que ele sinta e pense; a dedicação que nos faz identificar os pontos fortes e as limitações e permite ajudarmos a diminuir a sensação de incapacidade maximizando tudo o que tem de positivo.

Não analiso esta história exactamente como está contada, não apelando a que cada pessoa pegue em alguém que encontre na rua e leve para casa (se bem que poderia ser uma ideia), mas absorvo a ideia geral como forma de lição de vida, e alerta para que, mais uma vez, comportamento gera comportamento e todos somos um pouco responsáveis pelo que acontece à nossa volta, quer seja por acção ou inércia…

Dá muito que pensar esta película… Numa altura em que todos os dias se fala de violência nas escolas e em formas de punir alunos.

Mais do que perder tempo em sancionar, que muitas vezes se traduz em expulsão do meio escolar e consequente incentivo à marginalidade, devia usar-se esse tempo em prevenção! Prevenir identificando não as possíveis “vitimas” mas sim as anteriores “vitimas” que posteriormente são classificados de agressores. Eliminando o foco do problema em vez de agir em cima do “problema”. Quem? Uma equipa multidisciplinar, envolvendo várias áreas mas unidos com uma única finalidade: preocupar-se mesmo com esta causa, acreditando que é possível se alterar rumos e que o carinho é o melhor aliado!

Recomendo este filme e o Saber & Sorrir pede o seu comentário. Porque é importante para nós cada opinião.

Dados do filmes:

Duração: 129 minutos;
País: Estados Unidos
Classificação: +12
Género: Biografia
Data de estreia: 25/03/2010

Ficha artística
Sandra Bullock
Quinton Aaron

Ficha técnica
Director : John Lee Hancock (www.Uciportugal.pt)

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