sexta-feira, 19 de março de 2010

Aos Pais



Ter um Pai! É ter na vida

Uma luz por entre escolhos;

É ter dois olhos no mundo

Que vêem pelos nossos olhos!

Ter um Pai! Um coração

Que apenas amor encerra,

É ver Deus, no mundo vil,

É ter os céus cá na terra!

Ter um Pai! Nunca se perde

Aquela santa afeição,

Sempre a mesma, quer o filho

Seja um santo ou um ladrão;

Talvez maior, sendo infame

O filho que é desprezado

Pelo mundo; pois um Pai

Perdoa ao mais desgraçado!

Ter um Pai! Um santo orgulho

Pró coração que lhe quer

Um orgulho que não cabe

Num coração de mulher!

Embora ele seja imenso

Vogando pelo ideal,

O coração que me deste

Ó Pai bondoso é leal!

Ter um Pai! Doce poema

Dum sonho bendito e santo

Nestas letras pequeninas,

Astros dum céu todo encanto !

Ter um Pai ! Os órfãozinhos

Não conhecem este amor !

Por mo fazer conhecer,

Bendito seja o Senhor!


Muito nova a poetiza Florbela Espanca escreveu estas quadras ao seu pai, muito embora, o relacionamento entre eles não fosse fácil, pois ela era filha ilegítima do casamento paterno.

No entanto, nada a desmotivou a demonstrar o afecto e carinho que nutria por ele.

Presentes, ou não, em nossas vidas, não podemos deixar de admitir que os nossos pais foram um dos dois principais elementos no momento da nossa concepção… Dando-nos vida. No mínimo lhes devemos essa gratidão: o dom da vida.

Então, a todos os pais desejamos que se sintam abraçados pelas palavras doces de Florbela. Aonde quer que se encontrem recebam a nossa gratidão… pelos abraços, pelo carinho, pelos sermões, pelas ausências, pelas presenças, pelas palavras, pelas incompreensões, pelos beijos, pelo olhar austero, pela assertividade, por se sentarem connosco, por nos amarem… ou mesmo pelo relacionamento mais difícil… Porque tudo isto são aprendizagens que guardaremos para sempre em nossos corações.

Ao meu pai e ao pai do Francisco um muito obrigada

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